segunda-feira, 29 de maio de 2017

Um breve resumo: A língua de Eulália.


A língua de Eulália -  Marcos Bagno


Tudo o que está no livro surpreende a várias pessoas que só viam na língua portuguesa uma forma de falar, ou seja, a forma do português padrão, forma acadêmica. Vemos que todos os "erros" de português nele mostrado sempre foram vistos com preconceito, principalmente por alguns gramáticos.

A professora Irene, personagem principal do livro, recebe em sua casa nas férias de julho, sua sobrinha Vera e duas amigas dela da faculdade Emília e Silvia. As meninas acham engraçado o modo de falar de Eulália, amiga de Irene, que usa termos como: véio, trabáio, cuié, broco, grobo, entre outras.

Irene começa a mostrar as meninas que cada cultura tem seu jeito próprio de falar, modos herdados de antepassados, ou mesmo dificuldade no órgão da língua ao pronunciar certas palavras. Algumas delas consideradas erradas por alguns gramáticos têm sua origem em outras línguas, como o latim e no caso da região nordeste do Brasil a influência dos franceses e holandeses que tentaram uma colonização em séculos passados.

Os preconceitos citados no livro, como racial, religioso, sexual e etc., também são ligados ao uso da fala. No Brasil, as pessoas não dão valor as nossas raízes, a nossa cultura, só valorizam o que vem do primeiro mundo.

A charge ilustra perfeitamente o preconceito tratado no livro


À medida que vai avançando na leitura do livro, vamos nos considerando até patéticos por até agora só vermos a forma correta e impecável de falar o PP (Português Padrão), aquele usado pelos acadêmicos. Mas vamos descobrindo que até em países de primeiro mundo, como nos estados unidos, os negros tem um modo de falar diferente dos brancos, e aí entra o preconceito; são negros e por isso falam errado.

O livro de Marcos Bagno nos traz de maneira inteligente e capciosa questões envolvendo a nossa língua, mostrando de forma envolvente que o que era considerado como “erro” falado por “gente ignorante” nada mais é que heranças antigas, vestígios de outros tempos e para toda essa variação que existe no português há uma explicação que tem amparo em outras línguas, o autor faz uso de inúmeros exemplos, cabendo falar que toda língua varia e isso acontece por ela ser viva e estar em constante mudança seguindo o seu curso natural. Desmistifica toda a questão de diferenças entre o Português Padrão e o Não-Padrão apontando que ambos tem mais semelhanças do que se imagina.
Vera, Silvia e Emília voltam para casa com uma visão muito mais ampla sobre a nossa língua, deixando de lado os preconceitos linguísticos. Marcos não mostra neste livro qualquer aversão ao PP (português padrão), ele precisa sim ser aprendido para que seja usado quando for  necessário adequar a sua forma de se comunicar, mas não deve ser sobreposto e nem tido como uma unidade linguística do Brasil.





Um comentário:

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