Esta
divisão se dedica a apresentar exemplos e resultados que investigam fenômenos
variáveis do PB nos diversos níveis gramaticais. A dimensão interna visa as variáveis formas de pronunciação,
comunicação e fala por diferentes regiões do Brasil.
Para falar sobre a dimensão interna da variação linguística retornaremos sobre variável linguística e variantes. Na variável ‘expressão da primeira pessoa do plural’, temos no português do Brasil duas variantes: os pronomes nós e a gente. Essas variantes são alternativas de se dizer a mesma coisa, ou seja, oferecem a mesma informação referencial. As duas formas estão disponíveis no sistema pronominal do português do Brasil e são largamente usadas em nossa sociedade. Alguns falantes podem usar as duas, marcando-as estilisticamente; outros podem usar apenas a mais antiga (nós) por causa de alguma restrição social, como faixa etária, por exemplo, mas todos os falantes têm a habilidade de interpretar as duas formas e entender o significado da escolha de uma forma em vez de outra.
O
caráter heterogêneo do sistema linguístico é produto, portanto, de duas ou mais
formas em variação – duas ou mais variantes – que se alternam de acordo com
condicionadores internos (linguísticos) e externos (extralinguísticos) que
motivam ou restringem a variação. Como já dissemos anteriormente, não se trata
de um caos linguístico. Há regras que regem a variação.
⧭tratamos da variação nos diferentes níveis linguísticos:
→Variação lexical;
→Variação fonológica;
→Variação morfofonológica, morfológica e morfossintática;
→Variação sintática;
→Variação e discurso.
A dimensão externa trata-se muito da variação regional, variação social,
variação estilística, não quer dizer que elas ocorrem separadamente e nem
que sejam independentes da dimensão interna. O que ocorre é uma combinação dos
fatores que condicionam a forma como falamos. Na externa se estuda os fatores
extralinguísticos, aqueles que se encontram fora da estrutura da língua.
Para a Sociolinguística, esses fatores são tão
importantes quanto os linguísticos.
Variação
regional ou diatópica, é a variação diatópica, também conhecida por
regional ou, ainda, geográfica, a responsável por podermos identificar, às
vezes com bastante precisão, a origem de uma pessoa através do modo como ela
fala.
É possível saber quando um falante é gaúcho,
mineiro ou de um dos estados do Nordeste, por exemplo.
Charge: O gaúcho e o mineiro
Variação
social ou diastrática, da mesma forma que a fala pode carregar
marcas de diferentes regiões, também pode refletir diferentes características
sociais dos falantes. A essa propriedade dá-se o nome de variação social. Os
principais fatores sociais que condicionam a variação linguística são o grau de
escolaridade, o nível socioeconômico, o sexo/gênero, a faixa etária e mesmo a
profissão dos falantes.
Charge do caipira Chico Bento com o Zé Lelé.
Variação
estilística ou diafásica, um mesmo falante pode usar diferentes
formas linguísticas, dependendo da situação em que se encontra. Basta pensarmos
que a maneira como falamos em casa, com nossa família, não é a mesma como
falamos esses fatores sociais serão retomados na Unidade C, quando tratarmos
dos problemas empíricos para uma Teoria da Mudança Linguística.
Sociolinguística 82 em nosso emprego, com o chefe. O que está em jogo aí são os
diferentes “papéis sociais” que as pessoas desempenham nas interações que se
estabelecem em diferentes “domínios sociais”: na escola, na igreja, no
trabalho, em casa, com os amigos etc.
João em duas situações diferentes com linguagens diferentes
Variação
na fala e na escrita ou diamésica, a palavra diamésica se
relaciona etimologicamente à ideia de vá- rios meios; no contexto da
Sociolinguística, os meios ou códigos a que nos referimos são a fala e a
escrita.