Não
podemos falar em ensino sem fazermos referência aos PCN. E para contextualizar o que o que irá ser dito sobre Sociolinguística e
ensino, reportemo-nos inicialmente aos PCN de Língua Portuguesa: A língua portuguesa, no Brasil, possui muitas variedades dialetais.
Identifcam-se geográfca e socialmente as pessoas pela forma como falam. Mas há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído aos diferentes modos de falar: é muito comum se considerarem as
variedades linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. (BRASIL, 1997, p. 26)
Os PCNs abordam a questão das variedades dialetais e destacam o problema do preconceito
linguístico ocorridos do valor social atribuído às formas variantes da língua;
As reações de preconceito se manifestam, quase sempre, naquelas pessoas que se
situam nos pontos mais altos na pirâmide social, e que dominam a variedade padrão da língua.
Podendo
ser identifcado em comentários do tipo:
“fulano fala errado”, “fulano não sabe falar direito”, “a fala de fulano é feia”... A fala (ou escrita) é julgada em função do status social dos indivíduos que a utilizam, e não pelas características linguísticas em si. É nessa direção que o documento propõe:
“fulano fala errado”, “fulano não sabe falar direito”, “a fala de fulano é feia”... A fala (ou escrita) é julgada em função do status social dos indivíduos que a utilizam, e não pelas características linguísticas em si. É nessa direção que o documento propõe:
“O problema do preconceito
disseminado na sociedade em relação às falas dialetais deve ser enfrentado, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo
de educação para o respeito à diferença” (BRASIL, 1997, p. 26).
de educação para o respeito à diferença” (BRASIL, 1997, p. 26).
A norma
culta, que é a variedade de maior prestígio social, deve ter lugar garantido na escola, no entanto como já foi dito anteriormente não deve ser a
única privilegiada no processo de conhecimento linguístico proporcionado ao
aluno. Visto que a língua é heterogênea, e está sujeita
a variações e mudanças.
a variações e mudanças.
Contribuições no nível conceitual
Para entendermos melhor a
contribuição da disciplina de sociolinguística para o ensino foi feito um
pequeno resumo de seus postulados teóricos.
REJEITA
|
POSTULA
|
• a noção de
língua como um sistema homogêneo.
|
• que o sistema linguístico é heterogêneo e a
variação
é uma propriedade regular e inerente ao sistema. |
• a relação
estabelecida por Saussure entre estrutura
e sincronia de um lado e história evolutiva e diacronia de outro |
• a aproximação da sincronia e da diacronia
igualmente às noções de estrutura e funcionamento da
língu a. |
• a noção de
comunidade de fala homogênea e a
existência de um falante-ouvinte ideal. |
• a existência de comunidades de fala
heterogêneas
e de falantes-ouvintes reais que nunca se expressam da mesma maneira em diferentes situações comunicativas |
• a noção de
norma padrão imposta pelas gramáticas normativas – de caráter prescritivo.
|
• a noção de norma(s) derivada(s) do uso
efetivo da
língua – de caráter descritivo. |
Mas qual a importância de o
professor de língua portuguesa conhecer os postulados teóricos da Sociolinguística? pelo que pudemos notar em nossa rápida passagem pelos PCN, É preciso ter um embasamento teórico acerca da linguagem em
seu funcionamento social para poder atuar, de forma competente, na formação contínua do aluno-cidadão.
O professor precisa estar
ciente desses postulados para assim saber proporcionar condições para que o
aluno saiba refletir sobre os fenômenos da linguagem e suas variedades. Por
isso o educador deve está munido de um saber cientifico e domínio conceitual.
Esse embasamento teórico é o mínimo que se espera do professor de língua portuguesa nos dias atuais.
Contribuições na prática do professor
Com relação à
prática, é importante que o professor conheça os conceitos sociolinguísticos básicos para poder aplicá-los na compreensão das diferentes situações de variação/mudança linguística que permeiam o dia a dia dos falantes. Do ponto de vista prático, apontamos algumas ações que não devem ficar de fora da agenda do
professor de língua portuguesa:
Devendo trabalhar com os alunos a realidade
sociolinguística brasileira, e juntos
professor-aluno;
- Identificar fenômenos de variação linguística, em diferentes níveis presentes na sua comunidade.
- Entender o funcionamento desses fenômenos variáveis.
- Posicionar-se criticamente frente a situações de preconceito linguístico.
Nessa direção uma das primeiras tarefas do professor seria
reconhecer a realidade sociolinguística da sala de aula e da comunidade onde está atuando, observando, por exemplo, se há mescla de dialetos evidente entre os
alunos, seja dialetos regionais (rural/urbano; nortista/sulista, por exemplo), seja sociais (maior ou menor domínio da norma culta em decorrência de fatores sociais como o nível socioeconômico da família, por exemplo).
É importante trabalhar explicitamente com essa realidade da sala
de aula, enfatizando a questão da heterogeneidade linguística, comparando as
variedades e combatendo preconceitos entre os próprios alunos. Fazer da sala de
aula um ‘laboratório de linguagem’ e atribuir aos alunos o papel de ‘investigadores linguísticos’ pode ser uma boa estratégia metodológica para que o ensino de gramática seja signifcativo e
instigante. (GÖRSKI; COELHO, 2009).
Fonte: Sociolinguística / Izete Lehmkuhl Coelho ... [et al.]. – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2010.
Fonte: Sociolinguística / Izete Lehmkuhl Coelho ... [et al.]. – Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2010.
Texto excelente!
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